APOSTILA DO 1º BIMESTRE DE ARTE
Aula 01
Uma Leitura Poética sobre a Fotografia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fotografia#Usos_da_fotografia (com adaptações)
Por definição, fotografia é, essencialmente, a técnica de criação de imagens por meio de exposição luminosa, fixando esta em uma superfície sensível. A primeira fotografia reconhecida remonta ao ano de 1826 e é atribuída ao francês Joseph Nicéphore Niépce. Contudo, a invenção da fotografia não é obra de um só autor, mas um processo de acúmulo de avanços por parte de muitas pessoas, trabalhando juntas ou em paralelo ao longo de muitos anos. Se por um lado os princípios fundamentais da fotografia se estabeleceram há décadas e, desde a introdução do filme fotográfico colorido, quase não sofreram mudanças, por outro, os avanços tecnológicos têm sistematicamente possibilitado melhorias na qualidade das imagens produzidas, agilidade nas etapas do processo de produção e a redução de custos, popularizando o uso da fotografia.
Atualmente, a introdução da tecnologia digital tem modificado drasticamente os paradigmas que norteiam o mundo da fotografia. Os equipamentos, ao mesmo tempo em que são oferecidos a preços cada vez menores, disponibilizam ao usuário médio recursos cada vez mais sofisticados, assim como maior qualidade de imagem e facilidade de uso. A simplificação dos processos de captação, armazenagem, impressão e reprodução de imagens proporcionadas intrinsecamente pelo ambiente digital, aliada à facilidade de integração com os recursos da informática, como organização em álbuns, incorporação de imagens em documentos e distribuição via Internet, têm ampliado e democratizado o uso da imagem fotográfica nas mais diversas aplicações. A incorporação da câmera fotográfica aos aparelhos de telefonia móvel têm definitivamente levado a fotografia ao cotidiano particular do indivíduo.
Dessa forma, a fotografia, à medida que se torna uma experiência cada vez mais pessoal, deverá ampliar, através dos diversos perfis de fotógrafos amadores ou profissionais, o já amplo espectro de significado da experiência de se conservar um momento em uma imagem.
Essência da fotografia
A discussão sobre o uso da Fotografia é precedido pela tentativa de compreender sua imagem, o que ocorre desde seu desenvolvimento por diversos fotógrafos ao longo do século XIX (como afirma Geoffrey Batchen). Seu caráter artístico evidente constitui um entrave o seu uso pelas ciências sociais, enquanto seu caráter científico a tornou uma espécie de subalterna no campo da arte, características que parecem se reverter na segunda metade do século vinte, na medida em que o estudo desse meio se aprofundou, as ciências sociais se abriram para a impossibilidade de completa objetividade, e o campo da arte passou a lidar fortemente com a idéia, em oposição a uma ênfase na forma artística.
Os estudos históricos sobre a Foto iniciam por volta de cem anos após sua invenção. Já os estudos teóricos sobre a Fotografia parecem iniciar no pós-guerra, e a principal teoria usada para caracterizar a Fotografia advém do campo da semiótica, ou seja, declina da Semiologia de Saussure, numa leitura estrita da obra de Charles Sândis Peirce.
Ora, os estudos iniciais da Fotografia, bem como os artistas ao longo do século XIX e XX se preocupavam com o problema da iconicidade da Fotografia, isto é, o potencial de sua imagem e o caráter de seu realismo. O primeiro sinal de problematização dessa modalidade de discurso está na obra de Walter Benjamin, cujo texto "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica", revela uma preocupação com a modificação da recepção da Fotografia e do cinema em relação aos meios tradicionais da arte, estudo pioneiro e extremamente influente que leva instâncias inéditas, como o problema da aura (o que a diferencia da arte clássica) bem como o da multiplicação maciça da imagem.
Memória e Afeto
Na fotografia encontra-se a ausência, a lembrança, a separação dos que se amam, as pessoas que já faleceram, as que desapareceram.
Henri Cartier-Bresson
Para algumas pessoas, fotografar é um ato prazeroso, de estar figurando ou imitando algo que existe. Já para outras, é a necessidade de prolongar o contato, a proximidade, o desejo de que o vínculo persista.
Strelczenia, 2001, apud Debray (1986, p. 60) assinala que a imagem nasce da morte, como negação do nada e para prolongar a vida, de tal forma que entre o representado e sua representação haja uma transferência de alma.
Robert Capa
A foto faz que as pessoas lembrem-se do seu passado e que fiquem conscientes de quem são. O conhecimento do real e a essência de identidade individual dependem da memória. A memória vincula o passado ao presente, ela ajuda a representar o que ocorreu no tempo, porque unindo o antes com o agora temos a capacidade de ver a transformação e de alguma maneira decifrar o que virá.
A fotografia captura um instante, põe em evidência um momento, ou seja, o tempo que não pára de correr e de ter transformações. Ao olhar uma fotografia é importante valorizar o salto entre o momento em que o objeto foi clicado e o presente em que se contempla a imagem, porém a ocasião fotografada é capaz de conter o antes e depois.
Fotografa-se para recordar, porque os acontecimentos terminam e as fotografias permanecem, porém não sabemos se esses momentos foram significativos em si mesmos ou se tornaram memoráveis por terem sido fotografados.
A memória é constitutiva da condição humana: desde sempre o homem tem se ocupado em produzir sinais que permaneçam mais além do futuro, que sirvam de marca da própria existência e que lhe dêem sentido. A fotografia traz consigo mais daquilo do que se vê. Ela não somente capta imagens do mundo, mas pode registrar o "gesto revelador, a expressão que tudo resume a vida que o movimento acompanha, mas que uma imagem rígida destrói ao seccionar o tempo, se não escolhemos a fração essencial imperceptível" (CORTÁZAR, 1986, p. 30)
É no ensaio fotográfico que a pessoa busca a emoção, algo que ela nunca tenha sentido. A fotografia é capaz de ferir, de comover ou animar uma pessoa. Para cada um ela oferece um tipo de afeto. Na composição de significado da foto, segundo Barthes (1984), há três fatores principais: o fotógrafo (operador), o objeto (spectrum) e o observador (spectator). O fotógrafo lança seu olhar sobre o assunto, ele o contamina e faz as fotos segundo seu ponto de vista. O objeto (ou modelo) se modifica na frente de uma lente, simulando uma coisa que não é. No caso do observador, ele gera mais um campo de significado, lançando todo o seu repertório e alterando mais uma vez a imagem.
As imagens são aparentemente silenciosas. Sempre, no entanto, provocam e conduzem a uma infinidade de discursos em torno delas.
Aula 02
GÊNEROS DA PINTURA E DA FOTOGRAFIA
Refere-se aos tipos de temas mais comuns trabalhados pelos artistas e fotógrafos. Os gêneros são na realidade as espécies de idéias mais comumente exploradas na criação ou no registro de uma imagem. Existem vários temas e por isso é até possível misturá-los, criando-se o Gênero Misto.
1) Gênero histórico ou épico:
*Épico se refere às ações ou feitos dos heróis: salvamentos, lutas, guerras, competições.
*Histórico se refere a acontecimentos ou datas nacionais, tradições, monumentos históricos, personalidades de destaque no cenário político-sócio-cultural de uma sociedade.
2) Gênero religioso:
Refere-se a representações cujas formas e cores evoquem significados de caráter religioso ou sagrado – independente dos segmentos religiosos – pois boa parte das diversas manifestações religiosa possui suas próprias representações visuais.
3) Retrato:
È um dos gêneros mais populares da pintura e da fotografia. O retrato se refere ao registro minucioso (descrição) das características físicas e até psicológicas de uma pessoa. O retrato pode ser individual ou coletivo. Sua intenção maior é fixar a aparência do retratado.
4) Nu:
*Gênero que, a princípio, se referia ao registro de corpos que personificassem seres imaginários ou divinos com aparência sempre humana e jovem (ex. mitologia grega).
*Aos poucos homens e mulheres comuns passam a ser representados com realismo.
*funções: exaltar a beleza humana; evidenciar o estudo científico da anatomia; provocar sensações eróticas ou agredir por meio de representações distorcidas, pornográficas e/ou assexuadas (ex.: expressionismo).
5) Paisagem:
*Cenas onde a relação espacial entre os elementos da natureza figura em primeiro plano.
*Subdivide-se em paisagem urbana (cidade, trânsito, máquinas em predominância) e paisagem rural (revela a exuberância da fauna e/ou flora).
* A princípio os artistas acreditavam que a pintura de paisagem só seria completa se existisse a presença da figura humana centralizando as atenções, com o estilo artístico denominado Romantismo (séc. XIX), este gênero passa a ganhar definitivamente autonomia.
6) Natureza-morta:
*Imagem feita por arranjos artificiais: flores em vaso, frutas em cestas ou em mesas, talheres ou vários objetos que são agrupados numa composição sem a figura humana.
*A natureza pode estar presente, mas não em seu habitat original: imagem de função decorativa (ex.: propagandas, fotos de livros de receitas, etc.)
7) Abstrato e fantástico:
São gêneros que não possuem qualquer compromisso ou relação com um registro real da imagem (abstrato: afasta-se do que é real e tem significado subjetivo: manchas, riscos, forma geométrica /fantástica se refere a uso de elementos retirados da realidade, mas que se apresentam distorcidos de significado real: monstros, seres alados ou mutantes).
Aula 03
A Arte de Ver a Arte
Composição de Formas
Para se desenvolver uma boa composição visual é necessário saber direcionar os olhos de quem está vendo para pontos importantes para que fique clara a sua intenção, esse direcionamento deve ser consciente e planejado, saber equilibrar e dar movimento à composição serão os principais objetivos da imagem.
Para obter um resultado compositivo satisfatório é preciso conhecer um pouco sobre como funciona a percepção humana e também algumas regras que para alguns é denominada programação visual intuitiva.
Uma determinada forma básica tem seu valor independente que pode ser modificado quando relacionado com outras formas.
São eles:
O ponto
Qualquer ponto tem grande poder de atração visual sobre o olho, exista ele naturalmente ou tenha sido colocado pelo homem em resposta a um objetivo qualquer. Fazemos o reconhecimento de formas através de um agrupamento de pontos.
A linha
Quando os pontos estão tão próximos entre si que se torna impossível identificá-los individualmente, aumenta a sensação de direção, e a cadeia de pontos se transforma em outro elemento visual distintivo: a linha.
A forma
Na linguagem das artes visuais, a linha articula a complexidade da forma. As três formas básicas são: círculo, triângulo equilátero e quadrado.
Todas as formas são figuras planas e simples, fundamentais, que podem ser facilmente descritas e construídas, tanto visual quanto verbalmente.
A partir da combinação e variações infinitas dessas três formas básicas, derivamos todas as formas físicas da natureza e da imaginação humana.
A direção
As formas básicas também apresentam direções característica a elas: horizontal e vertical, diagonal e curva.
O tom
As variações de luz ou de tom são os meios pelos quais distinguimos oticamente a complexidade da informação visual do ambiente. Vemos o que é escuro porque está próximo ou se superpõe ao claro, e vice-versa. As relações são sempre por comparação.
A cor
Em sua formulação mais simples, a estrutura da cor pode ser ensinada através do círculo cromático. As cores primárias (amarelo, vermelho e azul), e as cores secundárias (laranja, verde e violeta) aparecem no diagrama. Podem-se incluir também as cores intermediárias a essas (chamadas de terciárias).
Ao falarmos de cores, temos duas linhas de pensamento distintas: a Cor-Luz e a Cor-Pigmento. Falar de cor sem falar de luz é impossível, mesmo se tratando da Cor-Pigmento, pois ela, a luz, é imprescindível para a percepção da cor, seja ela Cor-Luz ou Cor-pigmento. No caso da Cor-Luz ela é a própria cor e no caso da Cor-Pigmento ela, a luz, é que é refletida pelo material, fazendo com que o olho humano perceba esse estímulo como cor.
A textura
A textura é o elemento visual que serve de substituto para as qualidades de outro sentido, o tato.
A escala
Todos os elementos visuais são capazes de se modificar e se definir uns aos outros. O processo constitui, em si, o elemento daquilo que chamamos de escala.
A escala pode ser estabelecida não só através do tamanho relativo das pistas visuais, mas também através das relações com o campo ou com o ambiente.
A dimensão
Nenhuma forma de representação da dimensão é possível sem a ilusão. A dimensão está sempre implícita na forma e depende das relações feitas na composição. Ela fica bem evidente nas composições que utilizam a perspectiva.
O movimento
O elemento visual do movimento se encontra mais freqüentemente implícito do que explícito no modo visual. Porém, o movimento talvez seja uma das forças visuais mais dominantes da experiência humana.
O movimento da composição acontecesse por causa dos elementos compositivos que o cérebro busca através do olho como os eixos de equilíbrio e os sentidos e direções presentes.
Aula 04
RESUMO
PRÉ-HISTÓRIA
Função mágica – acreditavam que pintando nas paredes das cavernas conseguiriam capturar os animais.
PALEOLÍTICO
Principal característica da pintura é NATURALISMO – imitação da realidade.
NEOLÍTICO
Principal característica da pintura é a ESTILIZAÇÃO (SIMPLIFICAÇÃO) da figura – necessidade da representação da cena (síntese do tema representado).
CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
EGITO – arte para a eternidade
Pintura - Lei da Frontalidade.
Hierarquia da figura.
Imagens e escrita se complementam.
Escultura – Posição solene em respeito ao faraó.
Mais imitativo do real que a pintura.
Guardiões de templos (ex.: esfinge).
Arquitetura – Pirâmides destinadas a templos.
Passagens e ambientes subterrâneos (enigmas).
Escavações em encostas de montanhas (mastabas).
GRÉCIA
Períodos: Clássico – imagens próximas da realidade com composição simétrica.
Helenística – esculturas ganham mais movimento e os templos, mais elementos decorativos (século de Péricles).
Pintura – basicamente representado pela cerâmica.
Temas: mitologia, batalhas e jogos.
Escultura – Culto à beleza física.
Matemática e geometria como sinônimo de beleza divina.
Tema: representação mitológica.
Arquitetura – Teatros, templos estádios (jogos olímpicos).
Arquitetura de adoração aos cultos dos deuses da mitologia.
Três ordens: dórica, jônica e coríntia.
ROMA
Sofre influência de várias culturas principalmente a grega.
Pintura – escassa (pequenos murais).
Escultura – Praticidade.
Cópias gregas.
Retratos.
Temática militar e mitologia.
Arquitetura – Ordens gregas em conjunto com outros elementos vindos de outras culturas.
Arcos e abóbadas.
Concreto armado ao contrário dos gregos com seus blocos maciços de mármore.
IDADE MÉDIA NA EUROPA
BIZANTINO
Pintura – Cenas de solenidade política e religiosa.
Uso de arabescos nas molduras.
Mosaicos
Uso de ícones.
Escultura – escassa (pequenos elementos em relevo).
Arquitetura – majestosa.
Planta em forma de cruz grega.
Igrejas com ambiente central
ROMÂNICO
Pintura – Plana (bidimensional).
Cores planas.
Esquematizada.
Fuga do real.
Uso da iluminura.
Cenas bíblicas.
Uso Afresco.
Escultura – Estilizada.
Complementa a arquitetura.
Figuras desproporcionais.
Animais fantásticos nas fachadas.
Arquitetura – Horizontalidade.
Peso.
“Fortalezas de Deus”.
Elementos romanos mais evidentes.
Arcos contínuos.
Planta em forma de cruz geométrica.
GÓTICO
Pintura – Volume e profundidade aparecem gradativamente.
Figuras proporcionais.
Composição simétrica.
Escultura – alongada seguindo o padrão da arquitetura.
Estilizada.
Complementação arquitetônica.
Figuras mais próxima do real gradativamente.
Arquitetura – Verticalidade.
Arco ogival (pontiagudos).
Ambientes mais claros.
Uso da rosácea e vitrais.
IDADE MODERNA
RENASCIMENTO
Beleza idealizada.
Formas simplificadas e proporções exatas.
Cenas religiosas e mitológicas.
Nus masculinos heróicos (figuras).
Retratos formais e reservados.
Uso de afrescos, têmperas e óleo.
Estrutura anatômica com base de cálculo de proporção independente da realidade.
Perspectiva linear e geométrica.
MANEIRISMO
Corpos são distorcidos.
Cores sombrias (tensão, movimento).
Iluminação irregular.
Nova proposta de se trocar:
- Harmonia pela dissonância.
- Razão pela emoção.
- Realidade pela imaginação.
- Equilíbrio pela instabilidade.
- Representação da natureza pelo estilo (MANEIRA DO ARTISTA).
Aula 05
O Estilo Barroco, a Contra-Reforma e suas variantes
O termo barroco costuma designar o estilo artístico que floresceu na Europa entre o final do Século 16 e meados do Século 18. O aparecimento dos ideais barrocos parece intimamente ligado à Contra-Reforma Católica.Apesar de ter sido um estilo internacional, percebemos sua maior força entre países como a Itália, Espanha e Áustria, não tendo atingido muito os países protestantes como a Inglaterra.
Dança dos Italianos – Rubens
• Regional, individual e subjetivo
Além disso, o barroco apresenta características regionais nas diferentes localidades em que se desenvolveu.
A personalidade forte de alguns artistas do período também é um grande diferencial dentro desse estilo artístico que deixava campo aberto à subjetividade.
Suas principais características são a teatralidade das obras, o dinamismo, a urgência, o conflito e o forte apelo emocional.
Na busca da emoção, para provocar o observador, o artista abusa da verossimilhança das cenas retratadas, daí a importância também na observação da natureza.
O artista para atingir esses efeitos lança mão principalmente de cores, texturas, jogos de luz e sombra, diagonais e curvas, bem como o domínio do uso do espaço. Os temas místicos e os tirados da vida cotidiana são freqüentes no período.
• Pintura, escultura e arquitetura entrelaçadas uma à outra
A questão da harmonia também é importante para o barroco. Entretanto, ela é vista numa obra de forma diferente do renascimento.
Para o renascentista, a harmonia do todo era garantida por cada detalhe da obra em perfeito equilíbrio, cada detalhe separadamente como um todo harmônico.
Já para o barroco, a harmonia do conjunto é mais importante, a fusão harmônica dos diferentes componentes de um trabalho. A harmonia individual pode ser sacrificada em nome da harmonia do todo.
Além disso, essa valorização da unidade geral entrelaçou muito a arquitetura com a escultura e com a pintura. O ideal das construções passou a ser o do inter-relacionamento desses elementos, dialogando harmonicamente para o bem do conjunto.
• O Barroco no Brasil
No Brasil Colonial, a presença dos jesuítas teve grande importância no processo de disseminação do cristianismo católico no interior da colônia. Não por acaso – visando aperfeiçoar suas ações missionárias – os jesuítas trouxeram da Europa as influências estéticas de cunho fortemente religioso que marcaram o estilo barroco. Na maioria das vezes, esse tipo de criação se manifestou na construção de igrejas e imagens religiosas que tomavam campo nos centros urbanos do país.
Chegando ao Brasil, as construções de traço barroco se lançavam aos olhos de uma população mista formada por alfaiates, ambulantes, funcionários públicos, indígenas, escravos e vadios. Essa população, na maioria das vezes, só conseguia compreender o sentido dos valores religiosos afirmados pela catequese com a imponência de imagens ricas onde a complexa ornamentação pretendia reafirmar o caráter sagrado dos santos e templos religiosos.
De forma geral, as obras e construções barrocas eram fabricadas a partir do uso de pedra-sabão, barro cozido e madeira policromada ou dourada. Além disso, existe uma visível preocupação em se reproduzir movimentos de conteúdo dramático, o uso de linhas curvas, a preferência por construções de porte grandioso e o uso de um impacto visual capaz de chamar atenção dos apreciadores. Geralmente, o barroco tenta exprimir uma religiosidade de princípio medieval com a sofisticação da arte renascentista.
• ECKHOUT E POST: Pintores holandeses vêem Brasil exótico
No Brasil colônia do século 17, sem máquina fotográfica, pintores europeus utilizaram sua criatividade para retratar um mundo que, para eles, era exótico, diferente.
Observe o quadro ao lado, que exemplifica este olhar europeu, e responda: o que a índia está fazendo? O que ela traz no cesto? Como está vestida?
Antropofagia
Na imagem podemos ter algumas idéias sobre como os europeus viam o Brasil e os povos que viviam aqui. A antropofagia (consumo de carne humana) se faz presente, de forma assustadora.
É como se para os índios fosse tão comum carregar frutas num cesto quanto partes de corpos humanos a serem comidos. Hoje, entretanto, sabe-se que a antropofagia não era assim tão corriqueira e, geralmente, fazia parte de rituais. Mesmo assim, era uma idéia assustadora para o colonizador.
A nudez dos índios
Assim como a antropofagia, a nudez era embaraçosa para os europeus. A maior parte dos grupos indígenas do território brasileiro andava nua - o que era um problema para o colonizador cristão europeu.
Daí o motivo de a genitália da índia ter sido representada coberta por uma folha, da mesma maneira que eram representados Adão e Eva - uma indicação de que, para os europeus, o novo mundo era o paraíso.
Nessa época, aconteceu no Brasil a invasão holandesa no Nordeste: 1624 na Bahia e 1630, em Pernambuco. Os holandeses permaneceram por lá 24 anos.
Vieram também muitos pintores da Holanda com a tarefa de retratar a paisagem e o povo brasileiro. Verdadeiros "repórteres" do século 17 pintavam tudo o que viam: pessoas, paisagens, animais e moradias.
Dentre eles, destacam-se Frans Post e Albert Eckhout, que viveram no Brasil entre 1637 e 1644.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
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